29 de set. de 2012

Emagrecedores, polêmica em nome da saúde

Apenas um medicamento permaneceu no mercado, e para comprá-lo são feitas várias exigências


Muito além da vaidade, controlar o peso é uma questão de saúde que tem preocupado cada vez mais a população. Diferente de estar dois ou três quilos acima do desejado, a obesidade é caracterizada como quadro grave de sobrepeso, que pode influenciar na saúde do coração e trazer inúmeras doenças graves, como a diabetes e a hipertensão, além de problemas nas articulações e de circulação.
Para quem passou da medida e precisa perder peso rapidamente para não prejudicar a saúde, uma solução pode ser a utilização de medicamentos. Porém, no Brasil, a venda de inibidores do apetite está proibida desde dezembro do ano passado.
A determinação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), deixou no mercado apenas o medicamento sibutramina, porém, para comprá-lo, é preciso receita especial, do tipo B2, com validade de 30 dias e a compra só pode ser de quantidade suficiente para 30 dias de tratamento e dose máxima diária de 15 mg.
A receita deve estar acompanhada do Termo de Responsabilidade do prescritor preenchido pelo médico e assinado em três vias. Uma das vias deve ser arquivada no prontuário médico, outra entregue ao paciente e a última retida na farmácia onde houve a dispensação do produto.
Tamanha cautela na venda tem seus motivos: a sibutramina pode trazer riscos ao coração e ao sistema nervoso central. De acordo com relatório divulgado pela Anvisa, há relatos de psicoses, depressão e até suicídio relacionados com o uso do medicamento.
Por outro lado, o medicamento é uma das poucas soluções para moderar o apetite, fazendo com que o paciente possa perder até 10% do seu peso, o que, em casos de obesidade mórbida, pode ser a salvação da vida do paciente.
Mesmo assim, a Anvisa ainda discute a retirada da sibutramina do mercado, por considerar que os efeitos nocivos do medicamento são maiores do que os benefícios. “Eu não vejo o porquê tirá-la do mercado. É uma medicação segura, com contra- indicações bem documentadas, que pode ser usada tranquilamente com acompanhamento do médico, que deve avaliar a frequência cardíaca, a presença ou não do aumento da pressão arterial e a história pessoal de cada paciente”, ressalta  a endocrinologista Fabiana Diéguez.
Xenical

Ao contrário da sibutramina, que tem inúmeras restrições de venda, o orlistate, conhecido no mercado como xenical, pode ser comprado sem receita.  De acordo com estudos clínicos, o medicamento tem eficácia comprovada e pode auxiliar na perda de até oito quilos a longo prazo. Entre os principais efeitos colaterais do xenical estão flatulências oleosas e diarreia.
Porém, Fabiana é enfática ao afirmar que nem todos os pacientes estão preparados para utilizar a medicação. “Acho que o uso da medicação somente é válido quando o paciente está pronto para mudanças. Deve ser usado como um auxílio no tratamento e não como o ponto principal. A pessoa tem que estar disposta a fazer uma mudança na alimentação e na atividade física. As consequências do uso indevido da medicação sem indicação médica vai desde o não emagrecimento até um infarto agudo do miocárdio”.
Opções naturais
Na guerra contra a balança, há quem opte pelos medicamentos fitoterápicos para auxiliar na perda de peso. Mas, antes de comprar a ideia e aderir a alguma das dietas da moda, é preciso procurar orientação nutricional, pois o efeito pode ser inverso e você acabar ganhando peso se não souber administrar o tratamento.
Segundo a nutricionista Micheli Jaqueline Wendler, um dos produtos fitoterápicos mais falados no momento quando se trata de emagrecimento é a semente de chia. “Depois da linhaça e da quinoa, a chia é o produto da vez”, comenta.
A grande cartada da chia é que, quando em contato com a água, ela derrete formando uma espécie de gel no estômago, que traz saciedade e, consequentemente, diminui a fome. “A chia pode ser encontrada na forma de sementes ou flocos e promove alguns benefícios para a saúde, pois contribui para a perda de peso, reduz o colesterol, controla a glicemia e previne o envelhecimento precoce”, explica Micheli.
Outro produto que esteve em alta a pouco é o óleo de coco, que prometia diminuir a barriga em pouco tempo de consumo. Segundo Micheli, uma das vantagens do produto é que ele diminui o colesterol, mas para consumi-lo é preciso indicação. “Em demasia, pode aumentar as taxas de colesterol em vez de diminuir. O melhor mesmo, se a pessoa quiser ingerir esses produtos, é procurar um nutricionista e pedir indicação”, conta.
O chá verde, conhecido por suas propriedades benéficas à saúde também é um auxiliar do emagrecimento. Mas a dica é evitar consumir o produto no final do dia. “Indico aos meus pacientes que tomem duas xícaras de chá verde por dia, mas antes das 16h. Depois disso, pode interferir no sono, pois o chá verde tem propriedades que deixam a pessoa acordada”, explica.
Embora esses produtos possam ter algum efeito auxiliar no emagrecimento, Micheli ressalta que nada adianta se não estiver acompanhado de um processo de reeducação alimentar e rotina de atividades físicas.
Segundo a endocrinologista, não há estudos científicos veiculados em revistas médicas conceituadas, como New England, Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e outras que mostrem qualquer benefício destes fitoterápicos no tratamento da obesidade.
(diariodeguarapuava)

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