Turvo: Segundo Secretaria descaso da administração anterior deixa Saúde em estado de calamidade no município (Vídeo)

“Encontramos a saúde municipal em estado de calamidade”, diz secretária.
“Precária, lastimável, sem condição alguma de atender à população”. Foi assim que a secretária de saúde do município de Turvo, Sonia Bruger, classificou a situação da Secretaria Municipal de Saúde quando assumiu os trabalhos naquele departamento, por ocasião da cassação do mandato do prefeito Marcos Seguro, acusado de compra de votos nas últimas eleições.

Nacir Bruger, marido de Sonia, assumiu a prefeitura de Turvo no último dia 13 de dezembro de 2013. Ele ficou em segundo colocado no pleito a que concorreu e, como Marcos Seguro não obteve mais de 50% dos votos válidos, não foi necessário realizar outra eleição. Na ocasião, Nacir disse que precisava analisar a situação do município para só então dar um parecer sobre a situação. Passados trinta dias da posse do novo prefeito, o Jornal Integração Regional procurou a Secretaria de Saúde para que falasse da situação em que se encontra, uma vez que as reclamações da população do município são muitas em se tratando deste setor.

Ao visitar os postos de saúde, a reportagem constatou total abandono e um verdadeiro descaso para com os bens públicos. Prédios inacabados deixados pela administração anterior, bem como falta de materiais básicos para atendimento à população, são comuns em Turvo. A falta de aparelhos e os existentes com defeitos visíveis são retratos que estão totalmente à vista das pessoas, acarretando em sofrimento da população. Em sua sala de trabalho, a secretária de saúde contou à reportagem que sabia que a situação estava complicada, mas destaca que não imaginava que fosse tão grave. “Mais de 60% dos funcionários da área de saúde estavam com duas férias vencidas ou na iminência de vencer. Por lei, isto não pode ocorrer. Os funcionários saíram de férias e os problemas só se agravaram. Fiquei com pessoal reduzido e com montes de problemas. Os arquivos dos computadores foram apagados. Houve casos em que até o HD das máquinas foram substituídos poucos dias antes da administração anterior sair, pois temos isto comprovado com notas fiscais das empresas que fizerem o serviço”, declarou.

De acordo com a secretária, das sete equipes que deveriam existir nos postos de saúde da sede e do interior do município, nenhuma estava completa e, portanto, nenhuma funcionando corretamente. Consultas e exames que deveriam ser marcados ainda em 2010, foram encontrados em envelopes, abandonados. De acordo com Sonia, muitas pessoas que precisavam destes atendimentos à época, ou haviam morrido ou procuraram recursos por conta própria. “Houve casos de pessoas que venderam o que tinham para conseguirem se tratar. Há casos de pedidos de exames de urgência pelos médicos e de pacientes com câncer que hoje estariam mortos se não tivessem buscado recursos por conta própria. A palavra precária é muito sutil para descrever a situação em que encontramos o setor de saúde de Turvo”, lamentou Sonia.

Clailton Riva, responsável pela marcação de exames, disse que desde que assumiu seu posto de trabalho, está fazendo uma verdadeira varredura nos pedidos de consultas e exames que deveriam ser feitos. Segundo ele, sente-se na obrigação de, juntamente com a secretária e outros colegas de trabalho, localizar estas pessoas e saber da situação atual em que se encontram. “Pelo que estamos notando através de documentos é que os marcadores de exames selecionavam as pessoas de acordo com seus envolvimentos políticos. Muitas pessoas eram passadas na frente das filas enormes e recebiam tratamentos, enquanto que quem mais precisava, perecia”, contou Clailton.

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Por conta de irregularidades encontradas pela Vigilância Sanitária ainda em 2012, Sonia conta que foi chamada pelo Ministério Público para prestar esclarecimento sobre tais assuntos e para realizar um termo de ajuste de conduta. De acordo com ela, quando procurou documentos que explicassem as situações referentes aos questionamentos da promotoria, se deparou com a inexistência de dados no departamento de saúde. “Aqui onde estamos que é considerado o coração da Secretaria de Saúde, não havia dado algum nos computadores. Para se ter uma ideia, a CPU do computador central foi aberta, muitos arquivos foram apagados e o HD da máquina foi substituído. Já tenho relatório do acontecido e vamos levar à justiça esta situação. Isto é crime. É patrimônio público. Fui para a audiência sem conseguir estes dados, pois como disse, foram todos apagados. Encontramos documentos com irregularidades desde 2011 ainda”, explicou.

Em se tratando da ação a que Sonia se refere e que foi chamada pelo Ministério Público para prestar esclarecimentos, diz-se de uma visita feita pela 5ª Regional de saúde no primeiro semestre de 2012, onde se comprovou a ineficiência do setor de saúde de Turvo. Na ocasião, de acordo com relatório dos profissionais da Vigilância Sanitária faltavam desde produtos básicos de higiene e limpeza até condições de mobilidade dentro dos postos de saúde. “A secretaria foi autuada até por erros de procedimentos dos profissionais como, por exemplo, em situações em que abriram um frasco de soro e não puseram um lacre depois. Isto comprova a ineficiência de quem aqui estava. Por isso, a promotora que cuida do caso, autuou a secretaria e estipulou prazos para serem regularizadas as situações consideradas indispensáveis, em 15 dias para adequação e para outras, consideradas necessárias e recomendáveis, os prazos vão de 90 a 180 dias. Aqui na sede, eu estou conseguindo fazer as mudanças. Já estamos quebrando paredes e adequando de acordo com a lei. Nos outros postos, os do interior, não sei se vamos conseguir fazer as adequações necessárias em tempo hábil”, adiantou a secretária.

Muitas obras que segundo informações da Secretaria de Saúde de Turvo foram licitadas, tiveram seus andamentos interrompidos ainda na administração anterior e agora, os contratos precisam ser revistos. Há casos, de acordo com Sonia, em que as empresas interromperam as obras por falta de repasses financeiros. “Esta é uma situação que já está sendo analisada pelo setor jurídico da prefeitura e o mais breve possível, as explicações precisam ser dadas para a população”, finalizou a secretária.

Segundo o prefeito Nacir Bruger, foram encontradas irregularidades em todas as secretarias do município. Ele classifica a situação de inaceitável e disse que está fazendo de tudo para regularizar cada setor o mais breve possível. “Estamos priorizando as questões emergenciais, como a saúde, por exemplo. Trabalhamos para a população e precisamos resolver os problemas emergenciais com urgência”, destacou o prefeito.

Fonte: Jornal Integração Regional - Fotos: Secretaria de Saúde de Turvo